TRANSIÇÃO ENERGÉTICA PARA A SUSTENTABILIDADE NO BRASIL
NARRATIVAS E IMAGINÁRIOS DOS STAKEHOLDERS
DOI:
https://doi.org/10.59627/cbens.2024.2452Palavras-chave:
Transição energética, Sustentabilidade, Setor energético, Planejamento energéticoResumo
O objetivo dessa pesquisa foi compreender a partir do mapeamento de stakeholders e análise de seus posicionamentos e narrativas os rumos que são imaginados a respeito da transição energética para a sustentabilidadeno Brasil. Através das metodologias de Análise de Discurso Crítica (ADC) e a Análise de Conteúdo Temático (ACT) foram analisadas as informações coletadas por meio de: entrevistas semiestruturadas com os stakeholders chaves do setor, publicações em jornais de grande circulação e arquivos documentais das instituições públicas ligas ao setor que direcionam o planejamento energético nacional. As análises foram conduzidas através do marco conceitual dos Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia (ESCT) e dos Estudos de Transição Energética para a Sustentabilidade. A ADC permitiu evidenciar historicamente quais contextos, panoramas, assuntos e stakeholders nortearam o debate público acerca do termo “transição energética” entre 1970 e 2020. Além disso, foi possível entender as narrativas acerca de sustentabilidade desenvolvidas ao longo dos Planos Decenais de Expansão Energética (PDE´s) publicados entre 2006 e 2022. A ACT realizada a partir das entrevistas com stakeholders mostrou que há alguns aspectos de consenso no setor de energia brasileiro. A maioria dos stakeholders ouvidos aponta que a transição energética no Brasil está numa fase intermediária e que a disputa política é um fator importante no processo. Por outro lado, as entrevistas apontam uma diversidade de visões sobre aspectos determinantes para o processo de transição energética a ser adotado no país. Como consequência desses fatores, torna-se evidente a dificuldade de avançar simultaneamente nas questões relacionadas aos entendimentos da transição, especialmente as noções de prioridade dos 5Ds (Descarbonização, Descentralização, Decrescimento dos Padrões de Consumo, Democratização e Digitalização). Os entrevistados sugerem caminhos diversos, como pensar em uma economia de baixo carbono e investir em alternativas socioeconômicas, manter o espaço das hidrelétricas, evoluir na geração distribuída e acelerar a eletrificação.
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